segunda-feira, 23 de março de 2009

"Batuque" (Fernandez) e "Mambo" (Bernstein) sob regência de Gustavo Dudamel


Precisei copiar mais uma dica do Blog do Noblat. :-)

Gustavo Dudamel (1981-Lara/Venezuela), continua fazendo enorme sucesso e já é considerado o melhor jovem regente da atualidade.

No momento, ele dirige a "Orquestra Filarmônica de Los Angeles", mas em algumas oportunidades ainda rege a "Orquestra Sinfônica Juvenil da Venezuela", que ajudou a tornar um das melhores orquestras do mundo.

Entre a nova geração de maestros, não há promessa mais fulgurante que Gustavo Dudamel. Queridíssimo da imprensa especializada, que não se cansa de lhe dedicar reportagens, esse jovem de apenas 25 anos é admirado por expoentes da regência como o italiano Claudio Abbado, o argentino Daniel Barenboim e o inglês Simon Rattle – que o considera "música em estado puro". Dono de um estilo teatral, Dudamel é aplicado e capaz de interpretações repletas de personalidade, que vão muito além do que consta da partitura.

Aqui, em concerto em Lucerna, Suíça, a orquestra venezuelana, sob o comando de Dudamel, interpreta o conhecido "Batuque", de Lorenzo Fernandez (1897-1948), e "Mambo", da suite "West Side Story", de Leonard Bernstein (1918-1990).

sexta-feira, 20 de março de 2009

"Batuque", de Oscar Lorenzo Fernandez

Oscar Lorenzo Fernandez (1897-1948) foi um dos compositores de música clássica brasileira mais apreciados em todo o mundo.

A Orquestra Filarmonica de New York interpreta aqui a mais conhecida obra de Lorenzo Fernandez, "Batuque", da suíte sinfônica "Reisado do Pastoreio", sob a direcão de Leonard Bernstein (1918-1990), no inicio da carreira do regente, pianista e compositor americano. (Boa dica do Blog do Noblat)




domingo, 15 de março de 2009

Max Steiner - o pioneiro das trilhas de cinema


Se você curte trilhas de cinema, certamente já ouviu alguma trilha deste mestre. Não ouviu? Pois sinta-se obrigado a ouvir e, permita-me a "forçação de barra", a gostar. Estou falando de Max Steiner (1888-1971), pioneiro do estilo clássico das trilhas de Hollywood.

Nascido em Viena, teve educação musical clássica. Já em Nova York, trabalhou por 11 anos como diretor musical, arranjador, orquestrador e regente de operetas e musicais da Broadway. Em 1929, foi para Hollywood onde orquestrou um versão européia do filme "Rio Rita" para a RKO. O sucesso chegou, entretanto, com a trilha de "King Kong" (1933). Desde então, compôs centenas de trilhas para cinema como "E o Vento Levou" (Gone with the Wind - 1939), "Casablanca" (1942) e diversas aventuras de Errol Flynn.

No YouTube há uma montagem com várias trilhas clássicas de Steiner. Preciso confessar que adoro a trilha do clássico "As Aventuras de Don Juan" (The Adventures of Don Juan - 1949), uma espécie de pastiche e "crítica" bem humorada aos filmes desse estilo (trailer). Aproveitando o post sobre "Os Goonies", na cena em que o feioso Sloth desce pela vela do navio pirata, é tocado justamente o tema musical de "Don Juan". Perfeito!

Está aí o vídeo com os trechos de Steiner!

Quadros de jazz!


Quando eu era criança, meu pai de uma hora para outra decidiu adornar um canto da parede da sala do apartamento com retratos emoldurados de dois senhores. De início estranhei claro. Não eram retratos de parentes ou amigos. Ele então me apresentou aos dois.

O primeiro quadro era de Herbie Hancock (foto) e o segundo de Miles Davis. Lógico que nesta época ele estudava diariamente jazz e eu tive aulas disso por tabela. Confesso que nunca ouvi muitos trabalhos deles. E estou curtindo mais após minha fase musical (ouvindo, claro) George Gershwin e Aaron Copland, ambos norte-americanos muito mais clássicos ou sinfônicos.

Aos poucos irei dividir o que for aprendendo sobre Herbie, Miles e demais jazzistas e vou indicando músicas que estiver conferindo.

Para encerrar o post, um ótimo número musical com um time de primeira: Miles Davis, Herbie Hancock, Wayne Shorter e Ron Carter.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Goonies - "The Fratelli Chase"

Hora de falar em trilha de cinema. Como boa criança da década de 1980, um dos principais filmes desta geração foi "Os Gonnies" (1985). Direção de Richard Donner, história e produção de Steven Spielberg. Famoso video clipe da Cindy Lauper. E uma trilha fantástica que muitos, erroneamente, atribuem ao mestre das trilhas John Williams. A trilha é na verdade de Dave Grusin (1934), compositor de diversas trilhas de cinema e televisão e conhecido por ser repertório jazzístico.

Enfim, destaco a trilha da fuga dos irmãos (bandidos) Fratelli e o famoso clipe da Cindy Lauper. O clipe foi gravado nos intervalos das filmagens do filme. Isso pode ser notado pelo pouco ânimo do elenco que estava nitidamente cansado na hora de gravar o clipe.

The Fratelli Chase (Dave Grusin)


The Goonies 'R' Good Enough (Cindy Lauper)

terça-feira, 10 de março de 2009

Repertório para crianças III - "Pedro e o Lobo"


Fechando o trio principal do repertório para crianças, apresento "Pedro e o Lobo" (Peter and the Wolf) do compositor russo Sergei Sergeyevich Prokofiev (1891-1953). A obra é de 1936 e, mais uma vez, tinha o objetivo pedagógico de demonstrar as diversas sonoridades de instrumentos para as crianças. A diferença é que desta vez cada personagem da história é representada por um instrumento diferente.

A obra ficou popular quando Walt Disney criou uma versão animada para o filme "Música, Maestro" (Make Mine Music) de 1946. Na versão Disney, alguns personagens ganharam nome mas mantiveram-se os instrumentos.

- Sacha, o Passarinho: Flauta
- Sonia, o(a) Pato(a): Oboé
- Ivan, o Gato: Clarinete
- Avô: Fagote
- Lobo: 3 trompas
- Caçadores: tímpano e bumbo (o tema dos caçadores é introduzido realmente pelo woodwinds)
- Peter: quarteto de cordas

A história (que algumas vezes é modificada) é narrada enquanto a orquestra toca a composição. De qualquer modo me contento ainda com a versão Disney que continua sendo mágica e inesquecível.

Abaixo em duas partes a versão Disney de Pedro e o Lobo e ainda um especial do programa Disneylândia onde vemos o próprio Walt Disney falando de Prokofiev (no caso, um ator no papel do compositor).

Parte 1 - Pedro e o Lobo


Parte II - Pedro e o Lobo


Walt Disney e "Prokofiev"

Repertório para crianças II - "Carnaval dos Animais"


A segunda peça sinfônia do repertório infantil é Carnaval dos Animais (Le carnaval des animaux) criada em 1886 pelo compositor francês Camille Saint-Saëns (1835-1921), enquanto passava férias na Áustria. Trata-se de uma peça para 2 pianos e orquestra. A peça tem uma duração média de 30 minutos.

Se em "Guia Orquestral para Jovens" de Britten a idéia era apresentar os instrumentos, aqui a obra tenta descrever musicalmente (incluindo narração) diversos animais através de uma suíte em treze segmentos e o "finale". Pela ordem a peça apresenta:
  1. Introdução e Marcha Real do Leão
  2. Galinhas e Galos
  3. Burros (animais velozes)
  4. Tartarugas
  5. O Elefante
  6. Cangurus
  7. Aquário
  8. Personagens com orelhas compridas
  9. O cuco nas profundezas dos bosques
  10. Pássaros
  11. Pianistas
  12. Os Fósseis
  13. O Cisne
  14. Final (Carnaval dos Animais)
Foram produzidas diversas gravações especiais mas gostaria de destacar duas produções. Em 1976, a Warner Bros. produziu um especial de TV dirigido pelo mestre da animação Chuck Jones apresentando uma versão reduzida do Carnaval dos Animais, tendo como apresentadores e narradores (também pianistas) Pernalonga e Patolino. A música ficou a cargo de uma orquestra regida pelo maestro Michael Tilson Thomas.

No Brasil, a Warner lançou nos anos 1990 um VHS deste título sob o nome Festival dos Animais. Não é o melhor trabalho de Chuck Jones e a animação em si é pouco inspirada. Musicalmente então alguns fãs podem se decepcionar já que os segmentos "Tartarugas", "Burros", "O Cuco", "Pianistas" e "O Cisne" não foram usados no especial.

Já em 1999, a Disney lançou "Fantasia 2000" que traz o "Finale" com uma divertida história envolvendo um flamingo e seu ioiô.

Logo abaixo deixo três dos meus trechos favoritos da peça: Aquário, Fósseis (ambos com narração de Roger Moore e o Final (este direto de "Fantasia 2000").

Aquário


Fósseis


Final (Fantasia 2000)

Repertório para crianças I - "Guia Orquestral Para Jovens"


Vou dedicar este e os próximos dois posts ao repertório sinfônico geralmente direcionado ao público infantil. São 3 peças muito belas e envolventes e que certamente chamam atenção das crianças e de qualquer um com bom gosto musical. Servem bem para o público "mirim" por serem curtas e escutadas ao vivo então é muito melhor. Como cita o glossário da OSESP:

As crianças são sempre bem-vindas aos concertos e trazê-las é a melhor forma de aproximá-las de um repertório pouco tocado nas rádios e pouco explorado pelas escolas. A partir dos oito anos, já em idade escolar, elas apresentam uma capacidade de concentração mais desenvolvida. Aconselhamos a escolha de repertórios específicos e peças que não ultrapassem os 40 minutos de duração.

OK, então vamos dar uma mãozinha (acredito que muitas crianças, pais e interessados que visitam o site Animagic estão lendo o blog) e destacar a primeira das 3 peças do repertório "infantil".

The Young Person's Guide to the Orchestra (Guia Orquestral Para Jovens), opus 34, é uma composição do inglês Benjamin Britten (1913-1976) de 1946 com o subtítulo "Variações e Fuga sobre um Tema de Purcell".

O trabalho é baseado em um tema de "Abdelazar" (de Henry Purcell). A composição começa com o tema sendo tocado de forma grandiosa por toda a orquestra. Logo em seguida, e aí está o lado educacional da obra, vemos o mesmo tema tocado pelas seções individuais da orquestra. Primeiro as madeiras, depois os metais; as cordas e finalmente a percussão. Depois a orquestra toca variações do tema. Normalmente tocado e gravado sem narração, o maestro pode eventualmente descrever os intrumentos (o texto original é do amigo de Britten, Eric Crozier).

Vou deixar os videos abaixo. Primeiro é o vídeo em duas partes do maestro Michael Tilson Thomas regendo "Guia Orquestral para Jovens" com a London Symphony Orchestra. Em seguida, deixarei dois vídeos com narração em português do professor Moisés Cantos.

Parte 1


Parte 2


Agora com a narração em português descrevendo os instrumentos da orquestra:
Parte 1


Parte 2

De onde vieram os nomes das notas?


Mais uma do glossário da OSESP e nem eu sabia! Volto depois :-)

Apesar de registros de notações musicais na Grécia Antiga e entre os chineses do século III, apenas em St. Gall (Suíça), quase mil anos mais tarde, as notas passaram a ser marcadas com maior precisão. Para os nomes das notas, os povos de língua anglo-germânica adotaram letras, de A a G, enquanto os de língua latina seguiram o hino a São João Batista, introduzido nas aulas de Guido d’Arezzo, no século XI: UT queant laxis, REsonare fibris, MIra gestorum, FAmuli tuorum, SOLve polluti, LAbii reatum, Sancte Ioannes. (Para que possam ressoar as maravilhas de teus feitos com largos cantos, apaga os erros dos lábios impuros, ó São João).

Há algumas hipóteses sobre a substituição de Ut (até hoje utilizado na França) por . Uma delas a atribui ao musicólogo Giovanni Battista Doni, no século XVII; outra, ao teórico Giovanni Maria Bononcini, autor do tratado Il Musico Prattico, publicado em 1673. A razão pela qual ocorreu a mudança é incerta. Acredita-se que foi para facilitar a pronúncia nos exercícios de solfejo. O teria sido retirado da palavra Dominus (“Senhor”, em latim).

VOLTEI: Para fechar o post nada melhor que o duelo entre o Pato Donald e o Patolino no filme "Uma Cilada para Roger Rabbit" (1988) tocando a Rapsódia Húngara nº 2 (Hungarian Rhapsody No.2) de Liszt.



Aos iniciantes de música sinfônica (ou clássica)


Aí vai o bom glossário feito pelo site da OSESP para quem não conhece bem os detalhes de uma orquestra. Alguns tópicos dele deixarei para futuros posts.

Quando devo bater palmas?

É tradição na música clássica aplaudir apenas no final das obras. Preste atenção, pois muitas peças apresentam movimentos, com pausas entre eles.

Mas com que roupa ir (assistir)?

É fundamental que você se sinta confortável em sua vinda à Sala São Paulo. Não há necessidade alguma do uso de trajes sociais. Pedimos apenas que sejam evitadas bermudas e chinelos; afinal, os músicos esperam por vocês de casaca ou terno.

Silêncio!?

Diferentemente de outros gêneros musicais, a música de concerto valoriza pequenas sutilezas sonoras, detalhes e sons muito suaves; assim, o silêncio por parte da platéia é muito importante.
Quem é aquele violinista que recebe o cumprimento do maestro?

O spalla (leader na Inglaterra, concertmaster nos Estados Unidos, Konzertmeister nos países de língua germânica) é o primeiro-violino da orquestra. Ele executa passagens solistas, serve como regente substituto e repassa aos outros músicos as determinações do maestro. Até meados do século XIX, grande parte das apresentações eram regidas pelo spalla, que utilizava o arco para marcar o tempo da música. O termo italiano pode indicar tanto a região do colo onde é apoiado o violino, quanto o personagem que, no teatro de revista, dá suporte ao ator principal.

O que significa a indicação de “Op.”?

O “Op.”, que você encontra nos títulos de muitas das obras tocadas pela Osesp, é a abreviação do termo latino opus (em português, ‘obra’), e aparece sempre acompanhado de um número para identificar uma peça ou um grupo de peças na produção de um compositor. Por exemplo, o Concerto nº 2, Op.18, de Rachmaninov é a peça de número 18 no catálogo de suas obras. Mas cuidado, nem sempre o opus representa a seqüência cronológica das composições. Para alguns compositores foram criados catálogos próprios, como o BWV, Bach-Werke-Verzeichnis (Catálogo das Obras de Bach); o KV, Köchel Verzeichnis (Catálogo Köchel) de Ludwig Köchel para as obras de Mozart; o D, Deutsch, de Otto Erich Deutsch para as obras de Schubert; e o HoB, Hoboken, de Anthony van Hoboken para as obras de Haydn.

O que são os andamentos e movimentos das músicas?

Desde o século XVI, os compositores procuram formas de indicar nas partituras a velocidade e a expressão de suas músicas. Porém, até o século XIX, não havia marcadores precisos de tempo, como o metrônomo, e os autores passaram a utilizar termos e expressões para determinar a rapidez, ou o andamento, da música. Por força da tradição musical italiana, passou-se a adotar internacionalmente termos como: largo (lento); adagio (calmamente); andante; moderato; allegro; vivace; presto (rápido); muitas vezes acompanhados de ‘comentários’, como assai (bastante), ma non troppo (mas nem tanto), con moto (com movimento) entre tantos outros. Muitos autores preferiram usar tais indicações em seus próprios idiomas. Dessa forma, cada parte das obras, ou movimento, leva um título que indica o andamento daquele trecho.

Por que o oboé afina a Orquestra?

Após a entrada do spalla, a orquestra espera a nota Lá do oboé para começar a afinar, mas por que o oboé? Os oboístas da Osesp explicam que a tradição surgiu no século XVII, época em que esse instrumento, diferentemente dos outros sopros, estava presente em quase todas as orquestras e repertórios. Além disso, o timbre, o volume e o posicionamento do oboé na orquestra fazem com que ele seja facilmente ouvido por todos os músicos. Por último, uma vez feita a palheta, a afinação do oboé é dificilmente modificada, garantindo a precisão da freqüência de 442 Hz. Por estes motivos, o oboé foi eleito o ‘diapasão’ da orquestra.

* A foto deste post é do oboé! :-)

O que é música clássica?


Em música ou qualquer outra área artística as conceituações são notórias e polêmicas. Mas nenhuma é tão complexa quando a que tenta responder o que é música clássica? Alguns consideram melhor chamar tudo de música erudita, pois música clássica são composições produzidas em um determinado período marcado por grandes nomes como Mozart e Beethoven. Música erudita por si dá a entender um rótulo também elitista ao conceito.

No site da OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) é descrito assim: Na verdade, nenhum dos dois termos é apropriado. Para apreciar a música tocada pela Osesp, não é necessário qualquer grau de erudição. Já o termo ‘clássico’ refere-se apenas a um período da história da música, o Classicismo (época de Mozart), que veio depois do Barroco (de Bach) e antes do Romantismo (de Mahler). Você pode se referir à música que a Osesp apresenta como música ‘sinfônica’ ou música ‘de concerto’.

Meses atrás descobri o excelente blog Diz que não gosta de música clássica? do português Fernando Vasconcelos que tratou de forma muito interessante o tema. Ele escreveu um post usando como base a definição dada pelo maestro e compositor Leonard Bernstein que descreve o que chamamos de música clássica como música EXATA. Vou reproduzir alguns trechos do artigo que pode ser lido inteiro aqui.

Então por que razão é necessária a definição? Bem essencialmente porque a razão pela qual classificamos as músicas anteriores como sendo "clássicas" é simplesmente porque não são de um qualquer outro tipo que reconhecemos. Mais ainda apenas utilizamos esta palavra porque esta parece melhor do que outras que por vezes ouvimos serem utilizadas. Por exemplo música "séria" por oposição à música que ouvimos para nos divertirmos de forma menos consciente, designação que também não é especialmente brilhante porque há muitas outras formas de música "séria".

Outros utilizam a palavra "erudita" indicando dessa forma que apenas pessoas com cultura e erudição o que também está manifestamente errado porque obviamente pode-se entender e gostar de música "clássica" sem ter formação ou serem especialmente versados em arte.

Outras pessoas utilizam a designação de música sinfônica o que estando correto é redutor porque isso deixa de fora uma série de formas de música... Assim esta palavra - Exata - seria uma excelente designação para este tipo de música porque apenas existe uma forma correcta de interpretar cada composição e essa foi o compositor que nos forneceu.

Assim em termos de definição podemos dizer que música clássica (ou música "exata") é qualquer uma em que o compositor nos indica de forma explícita e exata como deve ser interpretada a sua música - o que se segue é uma adição ao que Bernstein disse - e em que o interprete para além do explicitamente mencionado se pode igualmente basear num conjunto de regras implícitas que podem ser derivadas das regras de composição do período ou do hábito ou vontade manifesto da sua quebra.


O problema - e aqui retomamos Bernstein - é que se Exata é uma palavra certa, Clássica não é. Música Clássica refere-se a um período especifico no tempo marcado pelos compositores Haydn, Mozart e Beethoven e não ao conjunto de tudo o que normalmente associamos a música clássica...


Música clássica é toda aquela em que o compositor explicita de forma exata o que pretende baseando-se num conjunto de regras de composição (ou na sua quebra óbvia e voluntária), regras essas que provêm da prática comum da sua época resultantes de uma evolução ao longo de séculos que nos levou da música renascentista, ao barroco, ao clássico, ao romantismo e depois ao eclodir da miríade de escolas nacionais e ao "individualismo" dos nossos dias
.

O desenho deste post mostra o maestro Leonard Bernstein (1918-1990) em desenho feito pelo genial artista Al Hirschfeld (1903-2003) cujos desenhos adornam o atual banner do blog. Hirshfeld inspirou o animador Eric Goldberg a animar o Gênio em "Aladdin" (1992) e na direção do segmento Rhapsody in Blue em "Fantasia 2000".

Abaixo no vídeo, Leonard Bernstein rege sua composição - a abertura Candide com a London Symphony Orchestra.



Educação Musical


Vamos ao primeiro post sério e reflexivo do blog. Já disse na apresentação do blog que não sou músico. Mas então estudar música mais de dez anos é perder tempo? Muito pelo contrário. É que infelizmente no Brasil não temos a cultura da Educação Musical. Tá certo que nos EUA o investimento nessa área diminuiu durante o governo George W. Bush (e deve aumentar com o Obama), mas lá se ensina música desde cedo nas escolas. Por isso mesmo vemos tantas fanfarras, big bands, peças teatrais e outras montagens. No Brasil, onde tudo é precário é mais difícil ainda imaginar aulas de música sejam no ensino privado ou público.

Mas enfim, vou utilizar a Wikipedia (atenção estudantes, nem tudo lá é perfeito!) para encontrar a conceituação de Educação Musical. Volto depois, OK?

Educação Musical
é a educação que oportuniza ao indivíduo o acesso à música enquanto arte, linguagem e conhecimento. A educação musical, assim como a educação geral e plena do indivíduo, acontece assistematicamente na sociedade, por meio, principalmente, da industria cultural e do folclore e sistematicamente na escola ou em outras instituições de ensino.

Nem sempre a Educação Musical busca a formação do músico profissional, muito embora para estes os conhecimentos desta área sejam importantes. A Educação Musical no âmbito da escola regular, por exemplo, busca musicalizar o indivíduo, ou seja, dar a ele as condições para que compreenda o que se passa no plano da expressão e no plano do significado quando ouve ou executa música. Musicalizar é dar ao indivíduo as ferramentas básicas para a compreensão e utilização da linguagem musical.

Diversas experiências em Educação Musical aconteceram em diferentes partes do mundo, principalmente no século XX. A preocupação com a Educação Musical, juntamente com o nacionalismo do início do século passado, marcou uma forte tendência mundial. Diversos educadores propuseram métodos e estratégias para a Educação Musical. Entre eles, destacam-se:

- Kodaly, na Hungria;
- Suzuki, no Japão;
- Villa-Lobos, no Brasil;
- Edwin Gordon, nos EUA;


A trajetória da Educação Musical, no Brasil, acompanha o desenrolar da educação brasileira. Há registros de uso da música na educação desde a chegada das primeiras missões jesuíticas ao país. Neste período, a música, bem como as demais artes, era empregada na catequese. Este quadro permanece praticamente inalterado, à exceção da ampliação dos colégios jesuítas, durante os séculos XVI, XVII e primeira metade do Século XVIII.

O Canto Orfeônico

Considerado o maior movimento de Educação Musical de massas já ocorrido no Brasil, o Canto Orfeônico ligava-se ao ideário escolanovista e tem sua imagem profundamente ligada ao governo de Getúlio Vargas. Foi durante o Estado Novo que o Canto Orfeônico se constituiu enquanto movimento, tendo à frente, o maestro Heitor Villa-Lobos.

O Canto Orfeônico esteve presente nas escolas brasileiras até o final da década de 1960, momento em que desaparece paulatinamente da educação. Isto aconteceu, entre outros motivos, depois da promulgação da Lei 5.692/1971, a qual tornou obrigatório o ensino de artes e também criou a chamada polivalência.

A polivalência no ensino de artes refere-se a idéia de que um mesmo profissional poderia dar conta de ensinar Artes Visuais, Teatro, Música e Dança.

A Lei 11.769/2008

A Lei 11.769, publicada no D.O.U. de 19 de agosto de 2008 altera a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, instituindo a obrigatoriedade do ensino de música nas escolas brasileiras.

VOLTEI

Não sei se a obrigatoriedade vai colar. Pois bem, aprender música serve para diversos fins. E espero que este blog ajude a quem se dispuser a acompanhá-lo a descobrir novidades.

Introduction - Apresentação


Olá! Muitos me conhecem pelo site Animagic, o primeiro dedicado exclusivamente ao cinema de animação.

Mas como muita gente vai entrar no blog não pelo site, então cabe uma rápida apresentação.

Meu nome é Celbi Vagner Pegoraro, paulistano, jornalista e pós-graduando em Política e Relações Internacionais, pesquisador de temas que variam da política, televisão, animação até o mundo da música. O interesse por música não é a toa. Minha família (mais o lado paterno) tem várias gerações de músicos. Meu pai, João Carlos Pegoraro é maestro e arranjador, minha avó Suzana é pianista e grande entusiasta da boa música. Minha tia-avó Cida é uma grande concertista (é um barato participar dos saraus de música clássica). Minha avó conta que meu tio também estudou piano e meus primos também têm forte ligação musical.

Sobre minha educação musical, comecei aos 6 ou 7 anos (depois preciso conferir isso) e fui até os 16 passando por órgão elétrico, piano e teclado. E passei por todo tipo de estudo tendo o meu pai como professor ... das músicas mais simples, passando por estudos clássicos (Bartók), exercícios de improvização em jazz e finalmente toquei alguns temas de cinema (notoriamente Disney, que era meu maior interesse). Dito isso, é preciso afirmar que eu não sou músico! Para ser músico é preciso ter dom e grande interesse para seguir em frente com os estudos. E dentre as possibilidades da verdadeira educação musical está entre outras coisas a apreciação estética musical, da qual fui grande beneficiário após anos de estudo e ouvindo boa música.

O propósito deste blog é dividir com vocês opiniões pessoais e dicas de boa música. E servir como laboratório para uma futura pesquisa envolvendo música brasileira. Serão posts sobre música erudita, popular, música de cinema e televisão, curiosidades, alguns off-topics (por que não?) e reflexões a cerca da educação musical e da crítica de arte (aí com o viés jornalístico). E, quando possível, alguns vídeos do meu pai mostrando seus trabalhos.

Gostaria de agradecer aos amigos Igor Willcox e Fernando Ventura pelo apoio me dado sobre a minha idéia de pesquisa e criação deste blog. Vida de blogueiro não é fácil e ainda tenho o meu site para tocar. Então atualizações não serão diárias, felizmente. Mas tentarei ao menos publicar alguns posts semalmente.

O nome do blog, Sinfonia Singular, remete a um dos nomes em português da clássica série de curtas de animação Silly Symphonies produzida por Walt Disney entre 1929 e 1939. Foi daí que surgiram grandes personagens como o Pato Donald e o Pluto que ganharam carreira solo. Outros nomes em português para a série foram Sinfonias Malucas e o agora oficial Sinfonias Tolas.

Aos leitores: podem comentar, perguntar, questionar e/ou criticar o que achar interessante - ad libitum (à vontade!)

Abraços.

Para começar bem o blog, o início do filme "Fantasia 2000" com o segmento 5ª Sinfonia de Beethoven (em versão reduzida).