terça-feira, 10 de março de 2009

O que é música clássica?


Em música ou qualquer outra área artística as conceituações são notórias e polêmicas. Mas nenhuma é tão complexa quando a que tenta responder o que é música clássica? Alguns consideram melhor chamar tudo de música erudita, pois música clássica são composições produzidas em um determinado período marcado por grandes nomes como Mozart e Beethoven. Música erudita por si dá a entender um rótulo também elitista ao conceito.

No site da OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) é descrito assim: Na verdade, nenhum dos dois termos é apropriado. Para apreciar a música tocada pela Osesp, não é necessário qualquer grau de erudição. Já o termo ‘clássico’ refere-se apenas a um período da história da música, o Classicismo (época de Mozart), que veio depois do Barroco (de Bach) e antes do Romantismo (de Mahler). Você pode se referir à música que a Osesp apresenta como música ‘sinfônica’ ou música ‘de concerto’.

Meses atrás descobri o excelente blog Diz que não gosta de música clássica? do português Fernando Vasconcelos que tratou de forma muito interessante o tema. Ele escreveu um post usando como base a definição dada pelo maestro e compositor Leonard Bernstein que descreve o que chamamos de música clássica como música EXATA. Vou reproduzir alguns trechos do artigo que pode ser lido inteiro aqui.

Então por que razão é necessária a definição? Bem essencialmente porque a razão pela qual classificamos as músicas anteriores como sendo "clássicas" é simplesmente porque não são de um qualquer outro tipo que reconhecemos. Mais ainda apenas utilizamos esta palavra porque esta parece melhor do que outras que por vezes ouvimos serem utilizadas. Por exemplo música "séria" por oposição à música que ouvimos para nos divertirmos de forma menos consciente, designação que também não é especialmente brilhante porque há muitas outras formas de música "séria".

Outros utilizam a palavra "erudita" indicando dessa forma que apenas pessoas com cultura e erudição o que também está manifestamente errado porque obviamente pode-se entender e gostar de música "clássica" sem ter formação ou serem especialmente versados em arte.

Outras pessoas utilizam a designação de música sinfônica o que estando correto é redutor porque isso deixa de fora uma série de formas de música... Assim esta palavra - Exata - seria uma excelente designação para este tipo de música porque apenas existe uma forma correcta de interpretar cada composição e essa foi o compositor que nos forneceu.

Assim em termos de definição podemos dizer que música clássica (ou música "exata") é qualquer uma em que o compositor nos indica de forma explícita e exata como deve ser interpretada a sua música - o que se segue é uma adição ao que Bernstein disse - e em que o interprete para além do explicitamente mencionado se pode igualmente basear num conjunto de regras implícitas que podem ser derivadas das regras de composição do período ou do hábito ou vontade manifesto da sua quebra.


O problema - e aqui retomamos Bernstein - é que se Exata é uma palavra certa, Clássica não é. Música Clássica refere-se a um período especifico no tempo marcado pelos compositores Haydn, Mozart e Beethoven e não ao conjunto de tudo o que normalmente associamos a música clássica...


Música clássica é toda aquela em que o compositor explicita de forma exata o que pretende baseando-se num conjunto de regras de composição (ou na sua quebra óbvia e voluntária), regras essas que provêm da prática comum da sua época resultantes de uma evolução ao longo de séculos que nos levou da música renascentista, ao barroco, ao clássico, ao romantismo e depois ao eclodir da miríade de escolas nacionais e ao "individualismo" dos nossos dias
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O desenho deste post mostra o maestro Leonard Bernstein (1918-1990) em desenho feito pelo genial artista Al Hirschfeld (1903-2003) cujos desenhos adornam o atual banner do blog. Hirshfeld inspirou o animador Eric Goldberg a animar o Gênio em "Aladdin" (1992) e na direção do segmento Rhapsody in Blue em "Fantasia 2000".

Abaixo no vídeo, Leonard Bernstein rege sua composição - a abertura Candide com a London Symphony Orchestra.



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